domingo, julho 29, 2007

Sobre a opinião do Damásio Chipande (3)

As causas da eclosão da guerra civil

A idade e paixão de alguns podem ser a razão de não compreenção sobre a “génese da guerra civil”, logo depois da independência. A reflexão sobre a génese da Renamo é objectiva, concisa e clara quando se liga à génese da guerra civil ou vice-versa. Isto se a concepção de ser patriota não for por condenar guerra civil ou fazer intrigas contra ela, bajulando ao poder da Frelimo. Isso até é muitíssimo fácil. Lutar contra um poder instalado requer coragem e sobretudo sacrifícios, sendo por isso que se é HERÓI. Foi coragem e sacrifício para muitos moçambicanos ao formar movimentos para libertação (MANU, UDENAMO; UNAMI), ao ir para guerrilha de libertação nacional, lutando contra o regime colonial (na Frelimo) como foi para guerra pela democracia, lutando contra o regime totalitário da Frelimo (na Renamo).

Para já, o importante é saber que tanto o regime colonial português como o regime totalitário da Frelimo, achavam-se incontestáveis. Achavam-se no direito de governar no Estado instituido e quem os contestasse se chamava por terrorista (turras à Frelimo e bandidos armados à Renamo). É por costume que em todas as guerras se busquem fantasmas como causa e protagonistas ao invés de se revelarem as verdadeiras causas e protagonistas. Para o regime colonial a luta pela independência nacional fora protagonizada pela China e União Soviética com o objectivo de expandir o comunismo na África Austral. Se é verdade que o apoio prestado pela China, União Soviética e outros os país do bloco do leste tinha motivação à expansão do comunismo na nossa região, já isto não era o objectivo dos moçambicanos na proclamação da luta armada. Houve os que cederam aos soviéticos e chineses, mas pelo que lemos em muitos livros, Eduardo Mondlane manteve-se aos objectivos. Naqueles países, os que por objectivo de expandir as suas doutrinas, a Frelimo sob Mondlane buscava apenas materiais de guerra para efectivizar a luta de independência de Moçambique. É exactamente o que aconteceu com a Renamo. A Renamo tal como vemos foi um movimento de guerrilha composto por moçambicanos contra o regime totalitário da Frelimo. E tal como foi dito em diversos comentários, a Renamo só era capaz de levar a cabo a guerra, se tivesse material de guerra, inicialmente bases de treinos militares longe do território controlado pela Frelimo. Os regimes na região com uma contenda (Rodésia e RSA) com o regime da Frelimo que no pior de tudo não teve cautelas como havia feito por exemplo o Botswana e Swazilândia e, ainda, a Frelimo foi inflexível se dispuseram naturalmente ao apoio do movimento de rebelião. Mas isto é apenas apoio tal igual a Frelimo recebeu durante a luta armada dos países do leste e ainda continuou a recebê-lo durante a guerra civil. Do resto sabemos ainda que a Frelimo é quem teve soldados estrangeiros (zimbabweanos, tanzanianos), incluindo conselheiros e treinadores soviéticos, cubanos e mesmo britânicos, durante a guerra civil enquanto contou no terreno com as suas forças e apoio popular.

Do porque houve a guerra dos 16 anos é conclusível reflectindo sobre o carácter totalitário do regime da Frelimo no período pós-independência, o mesmo carácter que tem criado guerras civis em todo o mundo. Sei que por mais inteligente que se seja, há simpatizantes da Frelimo que recusam as razões, mas isso é o problemas das suas paixões.

O melhor para tal, é como se tem aqui focado sobre os acontecimentos, no período após a independência ou mesmo da maneira como a independência foi proclamada. Reflectindo sobre como os outros países da região evitaram guerras cívis, menos o nosso e Angola é cunclusível que a falta de realização de eleições livres e justas na proclamação da independência constituiu uma das causas da eclosão da guerra civil. Porém, o cúmulo foi de implantação pela Frelimo de um regime totalitário em Moçambique. Ora, por causa das perseguições, prisões arbitrárias de muitos compatriotas, os que puderam, sentiram-se obrigados a refugiarem-se para outros países, em particular para o Malawi, Quénia. Zimbabwe (então Rodésia), África do Sul, Portugal, Alemanha Federal, EUA, Canadá, entre países com menos risco de serem entregues ao regime da Frelimo como acontecia na Tanzania, aí ficou preparada uma guerra civil. Isto nem começou na altura da independência, mas culminou com ela.

Culmina com a independência porque infelizmente, a Frelimo instala um regime estalinista ou comunista com todas as suas implicações. Aí quando a Linette falou de proibição de adidas é um dos muitos exemplos que pessoas que não viveram esse tempo não acham de problema.

Continua...

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