terça-feira, outubro 07, 2008

Chefe do Estado não responde corrupção

MAPUTO – O “dossier corrupção” dos Antigos Combatentes, rico em matéria criminal, completou, ontem, dois meses em que foi entregue, publicamente, ao Chefe de Estado, Armando Guebuza, mas, até ao momento, ainda não se vislumbra qualquer acção para sua resolução.

O silêncio do Presidente da República face a este caso entristece os funcionários do Ministério para os Assuntos dos Antigos Combatentes, MAAC, pois, é desejo destes ver o problema explicado, com os autores a serem responsabilizados pelo saque de dinheiro do erário público, sob capa de libertadores do País.

“É nosso desejo que o caso denunciado, publicamente, pela nossa colega, Zauria Adamo, seja explicado e não deixar os infractores impunes, pois, se trata de roubo aos Cofres do Estado”, afirma um grupo de funcionários do ministério dirigido por Feliciano Gundana, que, sob anonimato, reitera que “louvamos a coragem que a nossa colega teve, de fazer chegar, ao Presidente da República, a corrupção que assola a nossa instituição, pois, os nossos chefes nunca se mostraram predispostos a resolver o caso, porque são coniventes”, resolver o caso, porque são coniventes”, denunciam.

Dados na posse do A TribunaFax indicam que o Presidente da República, Armando Guebuza, foi apanhado de surpresa, com a denúncia pública da corrupção que se instalou nos Combatentes, camada social que é o suporte do partido no poder, a Frelimo.

“O desfecho deste caso está a demorar muito e porque ninguém se pronuncia à volta do mesmo, concluímos que é mais uma tentativa de abafá-lo, pois, se trata de uma camada sensível”, afirmam as fontes, para depois sublinharem que “na rede corrupta há indícios de estarem envolvidas figuras da nomenklatura política do partido no poder, dai que o caso está a ser tratado num secretismo total”.

O “caso corrupção”, nos Antigos Combatentes, chegou às mão do Presidente da República, depois da denunciante, Zauria Adamo ter tentado denunciá-lo junto ao governo provincial de Maputo, liderado por Telmina Pereira, sem, no entanto, conseguir lograr seus intentos.

Também fez saber o mesmo ao titular de pasta do MAAC, Feliciano Gundana, quando este governante tomou posse como ministro e visitou a Direcção Provincial dos Antigos Combatentes de Maputo.

“O ministro Gundana e a governadora Telmina Pereira têm conhecimento deste caso, mas o ignoraram, supostamente, porque se trata de um caso “quente” que envolve alguns camaradas bem posicionados no seio da Frelimo”, comentam as fontes, frisando que a denunciante, numa reunião do Consultivo de Direcção, falou deste problema, na presença do ministro Gundana e do director Aquimo.

“Ela chamou à razão ao ministro Gundana sobre os problemas que afectam a Direcção dos Antigos Combatentes de Maputo, esquemas de corrupção, praticados por quadros seniores ali afectos, bem como a falsificação de pensões que tem “tentáculos”, no nosso ministério”, contam as fontes, reiterando que não houve vontade de “cortar o mal pela raiz”, dai que o caso chegou às mãos do presidente Guebuza.

Dados apurados pelo A TribunaFax ndicam que, num intervalo muito curto, a Direcção Provincial dos Antigos Combatentes de Maputo foi dirigida por três directores, Molatinho, N’tonikel e Aquimo, todos afastados do cargo de
director por estarem envolvidos em esquemas de corrupção. Com estes estão, também, envolvidos, nas frauds financeiras aos Cofres do Estado, funcionários afectos em sectoreschave, como é o caso da Maria Souto, Inácio Calulu entre outros.

Tantos os directores acima descritos como seus subordinados, a única medida que lhes foi aplicada foi a transferência. “Não entendemos por que razões, comprovado o roubo de dinheiro do Estado, os implicados são, apenas, penalizados com a transferência.

É assim que se pretende combater a corrupção? – questionam, sublinhando que “os corruptos da Direcção dos Combatentes são transferidos para o Ministério e os que estão no Ministério, apenas, lhes são abertos processos disciplinares que “morrem” com o andar do tempo”.

Tentativas de ouvir a posição do governo de Maputo face a este problema redundaram no fracasso, pois, ao Jornal foi-lhe dito que a pessoa indicada para falar do assunto, no Executivo de Telmina Pereira, é o secretário permanente, Luís Mambero, que, neste momento, se encontra a gozar licence disciplinar. Entretanto, fontes junto ao governo da Telmina Pereira disseram, sob anonimato, que o caso já tem desfecho, mas quem tem direito de se pronunciar sobre o mesmo é o secretário permanente, que está de férias.

No MAAC, correm rumores Segundo as quais o “caso Aquimo” anexo no “dossier” corrupção no MAAC, entregue ao Presidente da República, foi encaminhado para o Gabinete Central de Combate a Corrupção, conforme decidiu Feliciano Gundana, no ofício nº-34/ GM/MAAC/2007 por si assinado e datado a 31 de Novembro de 2007. (R)
TribunaFax, edicão nr 815 de 06.10.2008

2 comentários:

Unknown disse...

Seria bom o PR quebrar o mutismo porque o povo que labuta para contribuir no desenvolvimento deste País exige explicação.

Abraço

Reflectindo disse...

Concordo contigo, chacate. O PR tem que explicar ou tomar medidas. É ele quem nomeiou Feliciano Gundana para ministro do pelouro, logo ele já de imediato devia ter pedido ao ministro para investigar e tomar as medidas adequadas, num prazo estabelecido.

E o que nos resta então? Penso que é o tempo de o povo saber que o Presidente da República é quem deve lhe prestar contas.