segunda-feira, agosto 10, 2009

A exigência vem de governantes em Manica: Sexo e dinheiro em troca de emprego

Por André Catueira, em Manica
A população dos distritos de Guro e Manica, na província deste mesmo último nome, denunciou vários actos de corrupção sexual e escravatura no sector público, abusos de poder e arrogância por parte dos governantes locais, além de cobranças ilícitas em troca de emprego. Segundo os populares um emprego pode custar “uma relação sexual para o caso de mulheres e ou cinco mil meticais para o caso de homens” nos distritos da província de Manica.
Falando no comício popular, durante a presidência aberta, quarta-feira terminada, a população dos distritos de Manica (centro) e Guro (norte), na província de Manica, disse haver muitos dirigentes que abusam do poder para tirar proveitos pessoais, com maior incidência nos sectores de educação, saúde, obras públicas e registos e notariados.
Segundo os populares, os dirigentes destes sectores exigem favores sexuais ou monetários a indivíduos que se candidatam para preencher vagas nas respectivas instituições.
Um cidadão queixou-se do director dos serviços distritais de Educação, Juventude e Tecnologia no distrito de Gondola, Afonso Razão, por alegadamente ter abusado sexualmente a sua esposa (cujo nome omitimos) quando esta procurava emprego na instituição que dirige.
“Enquanto ela (a esposa) procurava emprego, o director Afonso Razão a obrigou que fossem conversar em particular na sua residência, onde viria a abusar-lhe sexualmente em troca da vaga”, contou o esposo da vítima, Francisco Vicente.
De acordo com Vicente, que percorreu cerca de 300 quilómetros (Gondola-Guro) para expor o caso ao Presidente da República, da coacção sexual resultou um filho, registado oficialmente pelo “agressor” como reconhecimento de culpa.
“Fiz uma exposição para a direcção provincial de Educação relatando o facto e tentando encontrar uma solução para este acto que não dignifica o sector, mas o meu documento desapareceu nas gavetas da directora provincial, Isabel Azevedo, que já me mandou passear tantas vezes para eu esquecer o assunto já passam mais de nove meses”, disse Vicente que arrancou numerosos aplausos da população que acorreu ao local do comício.
Na sua explicação, alguns actos pouco dignos à imagem do sector público são encobertos pelos superiores hierárquicos, sendo por isso “que a minha exposição não foi respondida e desapareceu misteriosamente dos gabinetes”.
Um outro cidadão denunciou a existência daquilo que chamou de “burguesia” na educação e monopolização nos registos e notariados em Guro por parte dos funcionários destes sectores.
“Várias vezes fomos confrontados com situações em que o conservador distrital leva documentos para assinar na sua residência e viaja para a machamba sem os devolver à instituição”, disse Victor Sinagoneca.
Segundo Sinagoneca, o emprego no distrito de Guro custa cinco mil meticais para homens e ou sexo para as mulheres. Para os que não têm dinheiro para comprar emprego e ou que não aceitam entregar-se sexualmente aos chefes continuam marginalizados como é o meu caso”, disse em tom de desabafo.

Escravatura
Entretanto, funcionários públicos no distrito de Manica denunciaram actos de alegada escravatura perpetrados pelo administrador local e pela directora dos serviços de saúde e acção social, acusada igualmente de estar a amantizar-se com o administrador.
Num “abaixo assinado” dirigido ao Presidente da República, os funcionários disseram que a arrogância e o abuso de poder por parte do administrador de Manica, José Tefula, têm estado a criar um ambiente turvo entre os trabalhadores da administração local.
“O administrador expulsou-me de uma casa concedida pelo governo distrital para acomodar a sua amante (a directora dos serviços de saúde) e mais tarde me obrigou a trabalhar durante 30 dias nas suas machambas, usando o tractor e combustível do Estado sem me pagar nenhum”, disse Alfredo Quichine.
Ainda segundo a fonte, devido ao mau relacionamento no trabalho, que agravou-se pelo facto de ter negado cumprir ordens para efectuar um trabalho na casa da directora dos serviços de saúde e acção social, viu-se obrigado a pedir férias sem salário durante seis meses no ano passado.
“Para meu espanto, quando terminei as férias, o administrador obrigou-me a tirar mais férias de um ano sem salários que acabam neste mês de Agosto corrente”, disse Quichine.
Os funcionários queixaram-se igualmente dos constantes atrasos no pagamento de salários a nível dos distritos.
Falta de flexibilidade
Em resposta Guebuza reconheceu a fragilidade do sector público na solução dos problemas da população.
“Quando as denúncias chegam a um comício é porque o cidadão não encontrou a resposta no sector a que se dirigiu. Independentemente de qual seja a resposta”, disse Guebuza.
Dirigindo-se à população presente, Guebuza ressaltou a existência de “pessoas que sugam o sangue dos irmãos, para benefício próprio, até mesmo quando estes querem criar riqueza”.
SAVANA – 07.08.2009

1 comentário:

Anónimo disse...

A solucão passa pelo manifesto do MDM. Concurso para as chefias no sector público e não via cartão vermelho.