sábado, novembro 07, 2009

Abstenção maior no Norte


As quatro províncias do Norte tiveram a menor afluência deste ano, e três delas -– Zambézia, Nampula e Cabo Delgado – também tiveram altas taxas de votos em branco, acima dos 10%, de acordo com uma análise de Luís de Brito, do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, EISA, de Maputo.
O autor faz notar também que houve proporcionalmente menos assembleias de voto na Zambézia e em Nampula, onde a oposição é mais forte, comparado com Tete e Gaza, onde a Frelimo é mais forte. Isto significa que os eleitores tiveram de percorrer distâncias maiores para votar na Zambézia e em Nampula.
Ele nota igualmente que a afluência mais alta do que a média, em Tete e Gaza, deve-se provavelmente a ”pequenas fraudes locais.” E chama a atenção que ”no distrito de Changara, das 5 mesas de voto observadas, nas 3 que registaram 100% de participação, o candidato da Frelimo teve 100% dos votos e nenhum dos outros candidatos teve nenhum voto.”
O seu artigo “Uma análise preliminar das eleições de 2009” está disponivel no website da EISA, http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/ideias/Ideias_22.pdf
Finalmente Luis de Brito faz mais alguns comentários gerais. ”Do ponto de vista propriamente político, embora com a participação de menos de metade dos cidadãos eleitores, estas eleições colocaram a Frelimo numa posição de total supremacia na cena política moçambicana. Em grande parte esta situação, que pode ter efeitos negativos sobre a construção democrática do país, resulta tanto do esforço da Frelimo como da incapacidade demonstrada pela Renamo ao longo dos últimos quinze anos de se constituir e agir como um verdadeiro partido politico e de assumir de forma responsável o seu papel de oposição.” E vai avisando: ”Isto é em grande medida o resultado da forma como a Frelimo, como partido que historicamente se confunde com o Estado, ocupa e controla o espaço político, estabelecendo uma verdadeira barreira que os seus adversários terão muita dificuldade em transpor.”

Fonte: Boletim sobre o processo político em Moçambique, Número 33, 6 de Novembro de 2009


2 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente, esta é a situação que vivemos no nosso país.
Temos visto que, entre Estado e partido Frelimo não existe diferença, agem como se fossem uma entidade única, especialmente no que toca ao abuso de poder e falta de transparência.
Maria Helena

Reflectindo disse...

Maria Helena, realmente essa é a situacão. Estou escrevendo dois artigos sobre este tipo de situacão.

Bom fim de semana para ti