quarta-feira, março 10, 2010

Moçambique tem dinheiro para 5,5 meses sem apoio de doadores, diz BM

Moçambique dispõe de reservas internacionais líquidas de 1,3 mil milhões de euros, capazes de pôr o país a funcionar durante 5,5 meses, mesmo perante o atraso dos doadores no desembolso dos apoios, informa o Banco de Moçambique.
Contrariamente ao que tem sido habitual, os doadores ainda não disponibilizaram os apoios ao Orçamento Geral do Estado, prometendo fazê-lo a partir de Abril.
A comunicacão social moçambicana tem referido nos últimos dias que os doadores condicionam os seus desembolsos a um compromisso do Governo em matérias como reforma da legislação eleitoral, aprovação de uma lei sobre conflito de interesses e despartidarização do Estado (o sublinhado é meu).
Confrontado pelos jornalistas sobre a capacidade do Governo de sobreviver sem o apoio da comunidade internacional, o governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, afirmou que "o país está a funcionar normalmente através de duodécimos e de recursos internos.
Os investimentos e despesas que era suposto realizar a esta altura do ano estão a ser feitos". Gove enfatizou no entanto que os recursos internos precisam de "ser suplementados" com as ajudas externas, para que se alcancem os principais objectivos, principalmente o combate à pobreza.
Nessa perspectiva o Governador do Banco de Moçambique considerou o diferendo com os doadores "perfeitamente ultrapassável", antevendo "um entendimento".

Fonte: Rádio Mocambique (10.03.2010)

Reflectindo:

1. Para alguns se o país tem dinheiro para 5,5 meses para sobreviver sem apoio da comunidade internacional é muito, mas para mim (ainda bem que não sou economista) isto é grave para um país independente e soberano há já mais de 34 anos. É ainda grave para um país que nos últimos 17 anos se beneficiou muito da ajuda externa e há cinco anos se beneficiou de alívio da dívida externa. Por tudo isto, não acho ter havido alguma prestacão de contas ao povo moçambicano e agora sabemos que só podemos sobreviver em 5,5 meses. Não estamos perante uma prova da tese de James Shikwati e Dambasa Moyo? Penso que nós mocambicanos precisamos de saber em que coisas fúteis que expende o dinheiro, tanto as receitas nacionais como as ajudas externas. E será que não sabemos?
2. Um outro aspecto, é sobre a despartidarizacão do Estado, afinal o que a Frelimo tem medo ao não largar o osso, isto é o Estado? No seu documento ao G19, assinado por Aiuba Cureneia, o governo da Frelimo não toca esta problemática que está a criar um mal estar entre os moçambicanos e que ultimanente foi atiçado pelos discursos de Filipe Paúnde e Itai Meque.
3. Mais um aspecto que julgo não ter nada a ver com a lei eleitoral é o facto do silêncio quanto aos crimes eleitorais por um lado. Por outro, as trafulhices da CNE e mesmo do Conselho Constitucional que foram sem dúvidas engendradas pelo partido no poder não foi por lacunas na lei eleitoral. Nós que não somos juristas sabíamos interpretar a actual lei que os juristas ligados ao poder. Porquê? E porquê será que o Conselho Constitucional veio a dar-nos (nós leigos a lei) razão, veio dar razão ao Observatório Eleitoral só depois de consumado as pretensões? Será desta vez (quando reformada) que se respeitarão os princípios democráticos. 

5 comentários:

TORRES disse...

De facto, uma pergunta que alguem ja colocou num dos blogues e que o Reflectindo tambem coloca:
O que e que a Frelimo teme em atender as intencoes dos doadores?
Eu pessoalmente nao vejo nada de anormal nas suas exigencias. Tudo o que eles exigem e legitimo e oportuno.
O que a Frelimo teme?
Nao esta aqui a confirmacao da tese segundo a qual a Frelimo nao sobrevive sem o Estado? Sem os recursos do Estado?
Se nivelarem o campo de jogo, a Frelimo vai ser goleada.

Anónimo disse...

Goleada como o FCP , ontem em Londres!
A classe média e alta moçambicana está so interessada no seu nariz.
desde que a Frelimo lhe "mantenha" o cheiro, eles pagam as quotas!
Se mudar para o MDM ou Renamo..é a mesma coisa...desde que se CHEIRE!!!

Anónimo disse...

Avizinham-se tempos difíceis.
Ruína e descalabro social-económico-financeiro em Moçambique.
Acredito que não haja alguém com interesse de criar desestabilização em Moçambique, que pode custar em 10 dias de problemmas sociais internos, o triplo do valor de OGE.
PR AEG será o responsável...porque soluções não faltam...uma delas simplíssima...simplíssima...como 4 e 4 são 8...
nomear três ou quatros altos cargos, para elementos da Oposição..i.e.um vice-m, 2governadores, sec premanente,ou outros altos cargos da função pública, bem como em algumas empresas top 20.
Teimosia não leva a lado nemhum...
já houve provas no passado, em ter o Chissano mantido mais seis anos de guerra civil após a morte de Samora Machel ...
questão de bom senso, naõ questão de soberania ou política...respeitar a miséria do povo, é importante...aumentá-la será caótico...já se vê, polícia em Tete, não se pode deslocar...
Quem irá manter a ordem publica, se começar a haver desacatos?

JOSÉ disse...

É um grande enigma porque o Governo não mostra que tem empenho em aceder às exigencias do G-19. Como a posição do Governo não faz sentido, pois as exigencias são razoáveis, só podemos especular. Não tenho dúvidas que a maioria dos moçambicanos quer a revisão da legislação eleitoral, quer eleições justas, livres e credíveis, e quer o fim da partidarização da sociedade e dos conflitos de interesses. O Povo também quer mais transparencia, reformas no sistema judicial e empenho no combate à corrupção. Este braço de ferro pode significar que o Governo não está interessado na resolução dos problemas que afligem a sociedade e que a Frelimo tem medo de perder previlégios.

Anónimo disse...

Este eh o inicio do fim do partido frelimo. O pais esta comecar entrar em crise financeira. O combustivel vai tornar-se caro, o metical a desvalorizar-se face ao dolar e ao rand, os precos dos produtos basicos subirem. Todas condicoes para o pais comecar a arder. E os doadores tem toda a razao em exigir tais condicoes.