quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Tunísia quer banir partido de Ben Ali

O ministro do Interior da Tunísia submeteu ao Tribunal de Primeira Instância um pedido para o banimento do Constitutional Democrático Rally (RCD), o partido do ex-presidente Zine al-Abidine Ben Ali, na sequência de acusações segundo as quais os membros desta formação política estariam à procura de formas de desestabilizar o país. O pedido, se aprovado pela justiça da Tunísia, tornará impossível ao partido apresentar um candidato para as próximas eleições incumbidas de substituir constitucionalmente Ben Ali, derrubado no mês passado, depois de 23 anos no poder.

As tentativas de banimento deste partido surgem depois do governo que lidera o país interinamente ter suspendido as actividades daquela força política ao princípio deste mês, sob o argumento de que os seus membros tinham contribuído para a instabilidade desde que Ben Ali fugiu para o exílio. Os aliados de Ben Ali travaram pequenas batalhas com o exército quase logo depois de Ben Ali ter abandonado o poder e acredita-se que desde então têm vindo a incitar confrontos no noutros pontos do país.

As autoridades da Tunísia pediram oficialmente a Arábia Saudita a extradição de Leila Trabelsi, esposa do presidente deposto Ben Ali, segundo anunciou uma fonte do ministério das Relações Exteriores da Tunísia. A Tunísia tinha solicitado um dia antes a Arábia Saudita a extradição de Ben Ali, acusado de envolvimento “em vários crimes graves” e de ter incitado os tunisianos a “matarem-se entre si”. A Tunísia também pediu informações sobre o estado de saúde do ex-presidente.

Fonte: O País online - 23.02.2011

Reflectindo: este é algo para analisar/reflectir profundante em relacão a democracia em África. Será que é bom banir partidos por qualquer motivo que seja? No caso da Tunísia, não se quererá fazer o mesmo que o RCD fez para com outros durante décadas? Espero a opinião dos leitores.

4 comentários:

V. Dias disse...

Isto é falso. Em História não há casos de banimentos completos, definitivos de nenhum partido político.

Até o de Hitler, foi readaptado e existe. Portanto, isso é radicalismo, é uma forma demagógica de falar política.

Zicomo

Reflectindo disse...

Caro V. Dias

Ainda bem que deste esse exemplo. Alguns governos, sobretudo africanos, nunca se puseram a analisar do porque na Europa e mesmo nos EUA partidos conotados com nazismo (neonazistas), de extremas direita e esquerda, ultra-nacionalistas, religiosos, racistas concorrem sem qualquer restricão em eleicões. Os seus partidários são protegidos pela Lei e Ordem. A exemplo disso está A Frente Nacional de Le Pen na Franca, Sverigedemocratarna na Suécia...
Em África, quicá noutras partes do mundo (Médio Oriente, p.e) excluem-se partidos alegadamente por serem fundamentalistas ou seja o que for sem se entender que essa exclusão torna-se uma autêntica mobilizacão para esses partidos ou associacões. No Ocidente, já acontece que o simples recusar dos partidos estabelecidos em debater com aqueles partidos neonazistas ter constituido uma mobilizacão.

Volto depois

V. Dias disse...

A Tunísia não deve seguir estes caminhos da perseguição. Aqui, neste caso, tiro chapéu a Mandela.

Zicomo

Reflectindo disse...

Como não somos tunisinos muitos menos políticos ou pessoas infuentes da África a nossa reflexão em nada contribuirá para aquele país. Penso, o mais importante é que reflitamos para evitar repeticões a partir do nosso Mocambique. São apenas repeticões porque exclusões e proibicões a partidos ou associacões políticas vêm desde o tempo colonial e as consequências já conhecemos. Poderei desenvolver esta parte se necessário...
Mas no caso das revolucões no Norte de África, há que se ter consciência que foram preparadas pelos governos dominantes por décadas através de exclusão que nada mais tinham como razão que manterem-se no poder.
A democracia entende que proteger os direitos das minorias para apoiar a identidade cultural, práticas sociais, consciências individuais e actividades religiosas é uma de suas tarefas principais. Entretanto, não é o que os governantes daquela região fizeram. Opiniões individuais como falar de sharia tornaram-se motivos para excluir grupos. Não criaram espaco para debate. Dessa maneira a opinião individual toma importância que o grupo todo, embora não se tenha certeza que isso constitua o manifesto principal do grupo/partido...

Volto