terça-feira, fevereiro 14, 2012

Graduados e mercado de emprego: Falta de coordenação fragiliza integração

A FALTA de coordenação na elaboração de currículos das instituições do Ensino Superior e o desalinhamento entre o crescimento do sector produtivo e os programas sectoriais de desenvolvimento debilitam a interacção e integração dos graduados no mercado de emprego, segundo tese defendida ontem, no Maputo, pelo académico José Chichava, na abertura do ano académico 2012 na Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

Da leitura que faz ao processo, Chichava considera oportuno alinhar-se os currículos dos cursos ministrados nas instituições do Ensino Superior às reais necessidades do mercado, exercício que só será útil se resultar de uma abertura a parcerias com o sector produtivo, principal destinatário dos graduados das universidades.

Moçambique, segundo o orador, está a enfrentar uma crise de crescimento gerado pelo aumento da população e das necessidades daí resultantes, situação para a qual não tem conseguido dar as respostas mais adequadas. José Chichava referiu-se a uma crise de expansão e de fiscalização que afecta o Ensino Superior no país que, segundo ele, permitiu, durante muitos anos, que muitas instituições fizessem o que pudessem e até o que quisessem fazer num mercado que se foi abrindo e liberalizando ao ritmo das mudanças.

A título de exemplo, o orador recorreu a estatísticas do Ensino Superior e do sector produtivo referentes ao período de 2006 a 2012 para ilustrar que o crescimento numérico do número de graduados ao longo dos anos não foi correspondido por um aumento em termos de qualidade, muito menos pela capacidade das empresas de absorver essa mão-de-obra.

“O número de graduados pelas instituições do Ensino Superior passou de 4580 em 2006 para 13.405 em 2010. Na verdade, a oferta de emprego naquele período também cresceu, mas em apenas 15 porcento e, considerando que esse crescimento inclui os mega- projectos, é preciso dizer que estes não são, nesta fase, a solução para o problema, pois querem mão-de-obra especializada. E é nesta componente, formação de mão-de-obra especializada, que penso que nos devemos concentrar”, disse.

Para lograr este objectivo, o antigo ministro da Administração Estatal defende que as instituições do Ensino Superior devem mudar de atitude e começar a ir buscar parceria nas empresas e esforçar-se por adequar os seus currículos às mudanças em curso, fazendo com que com que os seus graduados sejam mais diligentes e eficazes no mercado.

Ele defende ainda que os graduados devem poder elaborar um pensamento autónomo, saber interpretar e avaliar os fenómenos sociais e económicos à sua volta e saber fazer para se adaptarem ao meio e às transformações do mercado. Além disso os graduados precisam de desenvolver na dimensão ética, saber estar e respeitar o próximo, atitude que o orador diz faltar em muitos dos nossos graduados.

Intervindo na ocasião, o Reitor da UEM, Orlando Quilambo, considerou que a planificação e definição de indicadores são fundamentais para o sucesso da sua instituição, num ano em que ingressaram 4394 novos estudantes, e a universidade movimenta um total de 82 cursos de graduação em diversas áreas do saber.

Como desafios para o futuro Orlando Quilambo disse que a UEM tem como meta demonstrar que não pretende apenas formar, mas formar para que os seus graduados sejam agentes da mudança. Para 2012, segundo ele, a UEM vai continuar a apostar em reformas relevantes que garantam empregabilidade da mão-de-obra que disponibilizar para o mercado.

Fonte: Jornal Notícias - 14.02.2012

1 comentário:

TIANO, Manuel Adriano disse...

Estou seriamente a pensar que já precisamos de muitos investigadores a tratar desta linha de pesquisa.

Uma questão emergiu, do não alinhamento dos curriculas e necessidades como tem resolvido a questão o mundo do trabalho?

muito mais há, era importante aproximar os atores, Educaçao, Empregadores, o trabalho em si e o Contexto!