sábado, março 10, 2012

Mugabe critica África do Sul por não ter passado o poder económico para a maioria negra

O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, criticou num encontro com chefes tradicionais do seu país o Governo da vizinha da África do Sul por "não ter passado o poder económico para a maioria negra".
Segundo a rádio zimbabweana VOP (Voice of the People), Mugabe salientou que "a pobreza continua a ser generalizada entre a população negra da África do Sul, apesar de o país ser retratado como rico".


"A população do Soweto continua pobre. Não sabemos quando as suas vidas irão melhorar. A pobreza no Soweto nunca será aliviada com empregos. Apenas poderá ser aliviada pela transferência da riqueza", afirmou o Presidente do Zimbabwe citado pela VOP.

Num sinal das crescentes dificuldades de relacionamento entre Mugabe e as autoridades sul-africanas em torno do acordo político global (APG), que foi mediado por Pretória, o Presidente, de 88 anos, afirmou que a Constituição sul-africana não permite ao Governo redistribuir as terras pelos negros, ao contrário do que sucede no seu país.

O processo de expropriação das terras agrícolas que estavam em poder de fazendeiros brancos, iniciado em 2000, lesou mais de 3 mil proprietários de terras e paralisou quase por completo a produção agrícola, lançando para o desemprego centenas de milhares de trabalhadores agrícolas.

O país passou de próspero exportador de alimentos à condição de dependente de ajuda alimentar externa, enquanto muitas das fazendas expropriadas passaram para as mãos da família do Presidente Mugabe, seus aliados políticos na ZANU-PF, chefes militares e oficiais da polícia.

Pelo menos 4 milhões de zimbabwanos emigraram em busca de empregos e condições mínimas de sobrevivência, na sequência do colapso da economia, que levou mesmo à eliminação da moeda, o dólar do Zimbabwe, substituído pelo rand sul-africano e pelo dólar norte-americano.

Sobre o seu país, o Presidente Mugabe declarou aos chefes tradicionais da zona de Bulawayo que "o acordo político global, assinado em 2008 nunca teve como meta a aprovação de uma nova Constituição, mas tornar possível a realização de eleições sem violência antes de 2011".

Mugabe, que foi criticado esta semana pela ministra das Relações Exteriores de Pretória, Maité Nkoana-Mashabane por tentar impor eleições antes da aprovação de uma nova lei fundamental, reiterou que o seu partido (a ZANU-PF), está pronta a abandonar o Governo de unidade nacional, que tem como primeiro-ministro o líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Morgan Tsvangirai, e convocar eleições.

Segundo a Imprensa sul-africana, o Presidente Jacob Zuma, mediador do processo de transição no Zimbabwe, deverá deslocar-se a Harare nos próximos dias para conversações de emergência com os parceiros de coligação zimbabweanos sobre o futuro do acordo político global (APG).

Zuma, dizem os jornais, deverá avançar com propostas da mediação - que foi nomeada pela Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) - para resolver o impasse a que se chegou e pôr fim à troca de palavras desagradáveis entre Pretória e Robert Mugabe, que, aos 88 anos, pretende concorrer a mais um mandato na Presidência da República.

Fonte: Rádio Mocambique - 09.03.2012

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