domingo, junho 24, 2012

Chissano acusa nacionalistas de terem tentado "puxar o tapete" a Mondlane

Os líderes da Udenamo e MANU, movimentos decisivos para a criação da Frelimo, tentaram "puxar o tapete" a Eduardo Mondlane, para abortar a sua eleição à presidência da frente anticolonial, defendeu Joaquim Chissano, ex-Presidente moçambicano.

Apesar de não ter estado presente na fundação da Frelimo - Frente de Libertação de Moçambique - a 25 de junho de 1962, por se encontrar a estudar e em trabalho de mobilização para a causa nacionalista em Paris, Joaquim Chissano teve contacto com Eduardo Mondlane e outros históricos da organização em que a questão da unidade dos movimentos nacionalistas esteve no topo das prioridades.

Chissano viria a juntar-se formalmente à Frelimo em 1963, sucedendo na presidência do partido e do país a Samora Machel, entre 1986 e 2005.

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Os contactos que sempre manteve com Eduardo Mondlane e com outros históricos do movimento, bem como o acompanhamento que fez dos encontros preparatórios da fundação da frente permitiram-lhe "detectar" alegados jogos de bastidores para tirar protagonismo e impedir a eleição daquele que viria a tornar-se presidente do movimento anti-colonial.

"Sabendo que a reunião convocada para Dar es Salaam era para a unificação dos movimentos de libertação, Mateus Mhole e Adelino Guambe tentaram puxar o tapete e assinaram às pressas um documento de fundação da Frelimo em Acra", afirmou Joaquim Chissano, num simpósio alusivo aos 50 anos da fundação do partido, que se assinalam a 25 de Junho.

Mateus Mhole foi o fundador da União Nacional Africana de Moçambique (conhecida pela sigla inglesa MANU) e Adelino Gwambe foi fundador da União Democrática de Moçambique (Udenamo), dois dos três movimentos que se viriam a juntar a 25 de Junho de 1962 para a fundação da Frelimo.

Alegadamente, os dois já anteviam a perda de protagonismo na nova formação política, devido ao prestígio de Eduardo Mondlane pela carreira que estava a fazer nas Nações Unidas e na docência na Universidade de Syracuse, nos Estados Unidos.

Ao adoptar unilateralmente a designação Frelimo e assinar um documento de fundação do movimento, antes do encontro da unificação, Mateus Mhole e Adelino Gwambe, que abandonaram a formação política após perderem a presidência para Eduardo Mondlane, conseguiram dividir os membros da organização e historiadores sobre o rótulo de "arquitecto da unidade nacional" que a linha oficial do partido atribui ao seu primeiro presidente.

Segundo Joaquim Chissano, Adelino Gwambe, sobre quem se diz que teria na altura entre 21 a 22 anos, e por isso era muito novo para presidente da Frelimo, e Mateus Mhole evitaram encontrar-se com Eduardo Mondlane, para debater a questão da unificação.

"O presidente Mondlane chegou a Dar es Salaam, esperou por Gwambe e Mhole, mas quando o senhor Gwambe regressa, procura esquivar-se do encontro com o presidente Mondlane e vai para o exterior. É falsa a ideia que se procura dar a entender que a Frelimo foi fundada em Acra. Ela foi fundada em Dar es Salaam", assinalou o ex-Presidente de Moçambique.

Fonte: Rádio Mocambique - 24.06.2012

Reflectindo: Isto convida a uma análise crítica.

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto cheira mal, a meu ver foi em Acra com o apoio do dr. Paul Krugman, que a frelimo foi criada. Uma outra questao quente que a frelimo evita e a questao do heroi nacional o camarada Andre Matxangaiza, esse camarada e um heroi da luta anti frelimista e porque nao esta na lista dos heroi? Irmaos queremos igualidade de tratamento