segunda-feira, agosto 13, 2012

Cateme: o passado que não passa!

Depois do levantamento popular de Janeiro, a Vale e o governo prometeram corrigir os erros nas casas construídas em Cateme para reassentar mais de 700 famílias.

Fizeram-no, mas as rachas e a inconsistência voltaram a aparecer. Nalgumas casas, a energia eléctrica chega em cabos enrolados em ramos frágeis. As populações não escondem o desapontamento.
Poucos meses após as obras de correcção das habitações construídas para acomodar mais de 700 famílias, em Cateme, Tete, algumas casas apresentam já rachas e inconsistência devido à falta de fundações.
As mais de 700 famílias foram transferidas da cidade de Moatize, em 2010, para dar lugar a um projecto de carvão desenvolvido pela mineradora brasileira Vale. Vivem em mais de mil habitações, a 37 quilómetros da cidade de Moatize. 
“O País Económico” visitou, semana passada, várias habitações intervencionadas e confirmou as rachas reabertas, a falta de fundações e a inconsistência, evidenciada pelo chão exterior, que se encontra separado da terra.
O terreno de área castanha em Cateme é seco, com pequenas pedras, e produz muita poeira. Abrir a terra é difícil, exige equipamento próprio, tendo em conta que as chuvas são irregulares.
As rachas surgiram, principalmente, um pouco abaixo da cobertura das habitações, nos murros das varandas e no chão exterior. Curiosamente, segundo depoimentos das populações, nos mesmos lugares onde os defeitos surgiram pouco depois da construção das casas.
Os cabos de energia eléctrica, nas ruas mais abaixo da entrada principal da povoação, estão enrolados em ramos frágeis, com todo o risco de ruírem, se uma pequena tempestade ou chuva se fizer sentir.
O transporte regular é assegurado por autocarros dos Transportes Públicos de Maputo (TPM), segundo a nossa equipa de Reportagem constatou nas escritas colocadas nas laterais daqueles meios circulantes.  
A situação, especialmente as irregularidades nas habitações, deixou desapontada a população de Cateme, que questiona a qualidade do equipamento utilizado para as correcções.
Manuel Torres, reassentado na primeira leva de populações que deram lugar ao projecto de carvão controlado pela Vale, viu as rachas da sua casa serem cobertas por cola.

Fonte: O País online – 13.08.2012

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