quinta-feira, outubro 25, 2012

Bispos moçambicanos consideram despenalização do aborto "uma aberração ética" e condenam a bigamia

Os bispos católicos de Moçambique consideram a despenalização e legalização do aborto "uma aberração ética, destinada a promover a prática pelo desrespeito pela vida alheia" e uma forma de "aniquilar o património cultural" dos moçambicanos.

Em carta pastoral, os bispos da igreja católica do país afirmam que "o avanço tecnológico das ciências biomédicas não confere nenhum poder ao homem para supressão de seres humanos inocentes, mas, sim, deve servir para o bem integral do homem".

O parlamento moçambicano vai discutir, em breve, a despenalização do aborto no país, penalizado por uma lei colonial de 1886, justificando com a necessidade de se reduzirem as mortes associadas ao aborto clandestino.

Mas os clérigos lamentam "o silêncio que acompanha a abordagem sobre a legalização do aborto de forma temerária", considerando que "isso fere não só as consciências mais agudas, como mexe com variados grupos sociais e suas sensibilidades na conjuntura do tecido social das famílias moçambicanas".

No documento enviado à Lusa, os bispos afirmam que "o aborto provocado, sejam quais forem as razões, é sempre uma violência injusta contra um ser humano que nenhuma razão justifica eticamente".
"Pensar na despenalização do aborto é aniquilar o património cultural do povo moçambicano que, desde sempre, apostou na defesa deste preciosíssimo tesouro da vida que lhe vem como uma bênção" de Deus, referem os bispos na sua visão sociocultural da problemática sobre a legitimação do aborto em Moçambique.

A liderança católica em Moçambique criticou a proposta da despenalização da bigamia, cuja discussão irá ocorrer também brevemente no Parlamento moçambicano.

Para a Conferência Episcopal, "na proposta da despenalização da bigamia transparece um machismo camuflado em que o homem pretende enveredar pela poligamia e não o contrário".

Para os bispos católicos, esta proposta negligencia o princípio da igualdade e género, o que viola a constituição moçambicana que confere direitos iguais para homens e mulheres.

"Se ´mulheres e homens gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres`, a bigamia dá a possibilidade de cada um, homem ou mulher, ter segundas núpcias oficiais, formando uma convivência familiar", denunciam.

Por isso, afirmam os bispos católicos de Moçambique, "isto criaria, pelo menos como hipótese, uma família depravada, incongruente, absurda e doentia, onde o homem traria para o lar conjugal uma segunda mulher e a mulher estaria também autorizada a trazer o seu segundo homem".

Fonte: Lusa in Notícias Sapo - 25.10.2012

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