sexta-feira, janeiro 11, 2013

Contribuição de Rildo Rafael ao artigo de Elísio Macamo

Por Rildo Rafael

Prezado Elísio Macamo! Belo texto o seu! Parabens! Penso que mais uma vez Macamo prova que não precisa viver 365 dias em Moçambique para fazer a compreensão sociológica de Moçambique! Macamo é bastante cauteloso na sua intervenção e fez a sua intervenção chamando atenção para procurarmos ser imparciais nas análises que fazemos sobre os acontecimentos na pátria amada. É uma chamada de atenção importante, tal como Calton Cadeado sempre enfatizou “nós aspirantes a analistas sociais devemos ter cautelas antes de assumir posições extremas, o que facilita percorrer sobre os dois “mundos” envolvidos nos conflitos sociais! Há pessoas que não gostam de conflito! Penso que Macamo recupera Georg Simmel e procura mostrar que nem sempre o conflito é prejudicial mas que o mesmo pode originar a coesão social.

O professor Macamo tenta mostrar que a greve dos médicos pode ser compreendida como uma realidade total (juristas, economistas, filósofos, estatísticos, sociólogos, antropólogos, administradores públicos, cientistas políticos podem “meter o nariz” para fazer uma leitura). Por outro lado Macamo mostra que a greve não deve assustar-nos mesmo que seja contra o poder vigente! Acho que Macamo põe em causa o modelo nacional de consumo baseado numa cultura política que promove uma vida de privilégios, benefícios materiais e regalias à custa dum Estado que não produz riqueza que isso requer! Penso que ao assumirmos que o Estado poderá desmoronar devemos mostrar que as tendências para acomodar tais preocupações são baseadas num certo gradualismo ao invés de criarmos “filhos de Abel e Filhos de Caim”. Tal gradualismo deve ser acompanhado de uma boa política e estratégia e não com soluções de última hora!
O Estado tem de dar possibilidades a todos de acordo com as possibilidades do país! A clarificação dos critérios é muito importante: Em que base se assenta a definição do salário na função pública? Porquê certos sectores são privilegiados em detrimento dos outros? Seria interessante se o Ministro da Saúde tomassem em conta que os médicos estão num exercício de cidadania ao invés de usar termos depreciativos em torno da liderança apresentando documentos privados em plena televisão! (Talvez constasse no caderno da negociação).

Concordo com Macamo quando chama atenção sobre a necessidade de sermos criativos! Será que estamos preparados para assumirmos isso! Num Estado onde o criativo é visto como um inimigo a abater! Como diz muito bem Ivan Amade: “Uma pessoa inteligente é aquele que contrata para sua equipa outra pessoa mais inteligente que ele”. Uma sociedade onde o criativo é sempre adversário, a ideia do subalterno não pode ser a melhor, o plano errado do chefe deve sempre avançar porque chefe sabe muito! Reacções do tipo quem manda aqui são eu! Teoria do Poder Soma Zero da: Eu tenho o poder e tu não! Uma sociedade onde a mobilidade social não é por meritocracia mas sim por jogos de influência! Grupos de interesse que estabelecem “acordos de vassalagem”. Virou moda em Moçambique atribuir acções como a greve dos médicos como resultado da mão externa como muito bem explicou Kudumba Root na sua intervenção em torno da influência externa!

O professor Macamo afirma numas das passagens do texto que “(…) todos nós que só nos sentimos realizados quando temos subsídio de telefone, combustível, arrendamento, ajudas de custo para viagens supérfluas e... passaporte diplomático, à custa dum Estado que, pelo menos por enquanto, ainda não está a produzir a riqueza que sustentaria isso”. Realmente quem não quer! Desde momento que isto produza para Moçambique e não o contrário! Podemos ser todos filhos do mesmo pai, mas podemos não ter todas as coisas ao mesmo tempo! Como fazer perceber a outro filho que agora não é a vez dele porque papai não tem muito dinheiro agora? Se o pai afirma que primeiro vou comprar calças para teu irmão mais novo e depois será a tua vez (diálogo e documentado). Isso poderá (entenda-se como probabilidade) reduzir ou aumentar o conflito entre os irmãos? Ao invés do pai ter a ideia do gradualismo na sua cabeça sem fazer perceber os filhos! O que pode acontecer entre os filhos? Os filhos podem fazer algo para encontrar dinheiro para comprar calças ou ainda esperar pelo pai. Por fim tenho que parabenizar pela excelente leitura que traz para o debate público! Abraços

Fonte: mural de Elísio Macamo - 10.09.2013

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Reflectindo disse...

Não é censura, mas enquanto o senhor anónimo continuar com palhacadas eu sempre eliminarei os teus comentários.

Neste espaco quero ideias de todos, argumentos e contra-argumentos, mas não palhacadas como as tuas.

Deixo o teu comentário a vista por algumas horas.