terça-feira, julho 09, 2013

Entre os Direitos e o Marketing

Por: João Vembane

Para Ti, Meu Irmão Militar

Não interessa de que lado te encontras,

Chamam-te soldado, como soldadura (ferro fundido) do (co)mandante, mandatado pelo político, ambicioso, ganancioso e egoísta, verdadeiro mandante. Mas eu, meu irmão, chamo-te militar, que milita como nós em defesa da pátria. Sim, defesa da pátria que começa com o povo e a sua vontade. Povo que é feito por ti, por mim, pelas nossas famílias e comunidades. Então se te disseram que guerreando com o teu irmão estarás salvando a pátria, então mentiram-te. Pergunta a tua mulher, namorada, mãe, pai, avó em fim, todos a tua volta. Esses formam o início da tua pátria, junto aos meus, aos do nosso irmão, a quem lhe chamam de inimigo. Pergunta a eles se preferem te ver na Guerra, onde podes voltar vitorioso ou derrotado mutilado, isso se voltares.


A tua força e valentia podem trazer o bem ou o mal meu irmão. Tu és único e gozas de uma só vida, portanto tens de escolher entre uma e outra opção. As tuas mãos de arma contra nosso irmão podem ser a razão de derrame de sangue, aniquilação de vidas, da tristeza, luto e pobreza, devastação total da natureza. Mas as mesmas podem usar da natureza para trazer o bem estar, a saúde, a tranquilidade, os arranha-céus, jardins verdes e fragantes, comida e riqueza para ti, para os teus queridos, para todos nós. A defesa do interesse da nação que te prometeram não é, e nem pode ser feita na Guerra contra o nosso irmão, ambos instrumentalizados por aqueles que cobiçam riquezas inesgotáveis – como se fossem a viver por e para sempre, na busca do teu e nosso bem estar, o bem estar do povo.

Na Guerra tu só vais minar o crescimento, desenvolvimento, felicidade e a vida. Não haverá escolas para as crianças, hospitais para os doentes, comida para os necessitados, cuidados para os órfãos, inclusão para as mulheres e pessoas com deficiência. Não serás defensor dos interesses de ti mesmo, dos teus queridos e de todos nós, mas sim o aniquilador e retardador. Pergunta as mulheres, belas jovens raparigas em situação de Guerra. Não precisas de ir a história, veja as estatísticas e noticiários das jovens da Somália, do Congo, do Iraque, etc. Verdadeiras vítimas de abusos sexuais e exploração por pessoas como tu, que um dia, sob promessas de defesa dos interesses de pátrias e do bem estar das pessoas, se tornaram nos primeiros destruidores, opressores oprimidos. Sim, não és diferente deles, como eu, tens necessidades dentro e fora da Guerra e quando não tens mais, porque privado pela Guerra que tu abraças, instrumentalizado pelos gananciosos e teu engano, irás cair nessa – matarás, açambarcarás a pouca comida dos pobres e abusarás das mulheres.

Não seja soldado, obediente a ordens vis, pau mandado daquele que se chama teu dirigente. Que se atribui o interesse no bem estar da pátria, da tua família e do teu bem estar. O bem estar da pátria é definido pelo seu povo e, o povo que começa contigo, comigo e com as nossas famílias. A Guerra só te vai destruir meu irmão, não te deixes enganar. Pense muito bem se vale a pena abraçá-la. Os teu mandantes, e mandantes dos teus (co)mandantes sabem muito bem disso. Se fosse bom entrar na Guerra, a caso não seriam eles os primeiros a colocar os filhos de arma em punho? Mas não, os filhos deles estão nas melhores escolas, no país e pelo mundo fora, melhores posições nos empregos, melhores carros, em fim, gozando da melhor vida. E a ti meu pobre irmão, só dão o fardamento, a arma e munições para combateres o outro como tu. Talvez não saibas, mas o fardamento, a arma e munições, objectos de aniquilação, que te entregam, poderiam comprar para ti e toda a tua família toda aquela luxúria dada aos filhos deles. E quanto mais lutares meu irmão valente, mais fardamento, mais armas e munições receberás até que fiques inválido ou partas para a outra.

Fizeram-te promessas que sabes, ou pelo menos já suspeitas que não serão cumpridas. A tua família não será indemnizada pela tua morte. Não há indemnização que valha a tua vida, que te possa substituir no seio da tua família. A tua família (que te amou e te ama pois tudo fizera e continua fazendo para o teu viver e bem estar) preferia ter a ti, com ou sem algo para dar ou fazer. Tu tens valor individualmente e independentemente do que trazes ou fazes. Se não acreditas pergunte-lhes e, se não tens coragem de fazer-lo, ao menos reflicta sobre o porque de te terem mantido até chegares onde estás hoje. Não serás compensado pelo fim da Guerra meu irmão, serás antigo combatente, como o são nossos pais hoje, aqueles que saíram em vida da guerra. Pergunta a eles, que com valentia de garras defenderam a pátria. Pergunta-lhes se terá caido alguma indemnização na panela em suas casas. Precisarias mesmo perguntar? Acaso, não acompanhaste de como foram e continuam sendo tratados pelos seus dirigentes e novos soldados? Tu não és e nem serás diferente.

Eles te usam como um instrumento para perseguirem o que lhes interessa, não duvides. Interesses esses que escondem por camufladas na doce palavra pátria. E, a ti,chamam de soldado valente, combatente, corajoso para mais instrumento te tornares. Não nego a tua valentia, coragem e força, mas quando instrumentalizado só servem para tua auto-destruição, aniquilação dos teus sonhos e dos do teu povo. Logo de valentia partes para a cobardia. Teu povo, este que já está desgastado de tanta pobreza quando tem recursos abundantes para desenvolver debaixo de suas terras. Estes mesmos recursos que estão, hoje, a construir a riqueza dos teus dirigentes que provocam conflitos entre eles. Mas conflitos de palavreados e trocas de cheques com grandes números, mas que se estendem ao uso de ti e do nosso irmão como instrumentos de demonstração de forças para ver quem fica com o maior ou todo o pedaço.

Já alguma vez na história foste instrumento da liberdade da política. Obrigavas os homens (escravos) a trabalharem para alimentarem os políticos (cidadãos) e defendias a todos da invasão externa. Depois, mais tarde te tornaste em pessoa, importante actor, protector da vida e da liberdade política. Passas a ser o executor das punições aos injustos, enquanto estás atento aos invasores externos para proteger os teus. Pensas por ti e pelas pessoas. De uns tempos para cá, voltaste a ser um instrumento da política, mas desta vez, para aniquilar a liberdade e a vida. Eis-te aqui, pronto para cumprir ordens e mais nada. Não te é dado tempo para usares das tuas faculdades intelectuais e decidires no que te vale a pena. Não interessam os danos que as tuas acções irão trazer aos teus e a ti mesmo. A tua cabeça só tem olhos, para ver o caminho que te indicam, e ouvidos, para ouvir ordens dos teus mandantes. O teu cérebro tem apenas funções mecânicas, serve para dinamizar apenas os dois sentidos.


Guarda já a tua arma e, espera o momento próprio, meu irmão. Guarda para quando a verdadeira pátria precisar de ti para defendê-la da invasão dos teus inimigos verdadeiros, inimigos da tua família, inimigo do teu povo. Diga já, BASTA e volta para casa, junto da tua família, a comunidade e amigos e seja para eles motivo de bem estar, segurança, paz, tranquilidade, sorriso, e felicidade. Diga já, BASTA às ordens dos gananciosos, ambiciosos, egoístas, verdadeiros inimigos, inimigos da tua família, do teu povo e da tua verdadeira pátria. Eles, na verdade não têm nada para te oferecer, mas a pátria sim. A pátria, que inclui a ti, a tua família, o povo, a terra e tudo que ela alberga, tem tudo em abundância para te oferecer e, até para oferecer justamente aos teus verdadeiros inimigos. A pátria, meu irmão militante, é tua, é minha, é do nosso irmão. A pátria é nossa, incluindo a eles, os nossos inimigos.

Nota: enviado por e-mail pelo autor

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