quinta-feira, julho 24, 2014

Novo director do Observatório

Um mediador/observador das negociações entre o Governo e a Renamo assumiu segunda-feira (21) o papel do director-executivo interino do Observatório Eleitoral. Ele é o ministro metodista Anastácio Chembeze, e conta com todas as suas habilidades de mediação para garantir um processo de observação adequado nas eleições de 15 de outubro.


O Observatório é uma coligação de grupos religiosos e da sociedade civil que tem observado as eleições desde 2003, e construiu uma ampla base de observadores e experiência enraizadas na sociedade civil local. Ele observou as eleições municipais de novembro 2013 e contou com 742 observadores para o recenseamento deste ano (veja abaixo). Também tem feito boa parte do trabalho de elaboração de contagens paralelas (PVTs) que são um meio de verificação e serviram para provar más condutas, inclusive, forçando a repetição da eleição municipal no Gurué no ano passado.

Mas um conjunto de conflitos dentro do Observatório, e em particular no seio da comunidade de doadores, por questões ligadas ao financiamento e formas de trabalho, provocou uma letargia na instituição no final do ano passado. USAID, DFID e Suécia/Diakonia apoiavam pessoas diferentes dentro do observatório e da sociedade civil, o que serviu para ampliar as divisões - como diferentes doadores, incluindo Canada e Netherlands Institute of Multiparty Democracy, tentaram plantar as suas bandeiras, empurrar seus projetos preferidos e trazer os seus clientes. Alguns dos conflitos são de caracter pessoal e sem qualquer relação com a observação. Alguns doadores não querem continuar com os sistemas de PVT e a forma de observação que registou sucesso em processos anteriores e apesar do pouco tempo que falta para as eleições, pretendem criar novos sistemas.

Alguns doadores ainda estão à espera de uma auditoria à instituição, mas também não está claro se eles vão aceitar Chembeze como chefe do Observatório.

A formação e organização dos observadores deveria ter começado no mês passado, e o tempo agora é muito curto. O Observatório sente que pode executar uma observação, desde que este processo inicie dentro de três semanas. Mas será que Chembeze irá usar as suas habilidades de mediação para conseguir a concordância de um número suficiente de doadores? Se não houver nenhuma observação, ou apenas ocorrer uma ad hoc, os únicos vencedores serão aqueles que querem roubar votos e encher urnas.     Jh


Fonte: Boletim sobre o processo político em Moçambique Número EN 31 - 24 de Julho de 2014

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