quinta-feira, outubro 02, 2014

Grupos de choque

Por Machado da Graça
No início da campanha eleitoral ouvi, na Rádio Moçambique, um responsável do partidoFrelimo, em Gaza, apelando à organização dos seus militantes para as tarefas que os esperavam,incluindo os “grupos de choque” (cito de memória).
Fiquei a pensar no que seriam os tais “grupos de choque” de que esse responsável falava. Com um nome desses não auguravam boa coisa mas, enfim, poderiam ser variadíssimas coisas diferentes. Agora começo a entender melhor.

O que se está a passar, não só em Gaza mas em todo o território nacional, com bandos de arruaceiros do partido Frelimo a tentarem boicotar a campanha do MDM e de Daviz Simango, mostra claramente para que foram criados esses grupos. E não tenho ouvido notícias de actos
idênticos contra a Renamo porque sabem que esses continuam armados e pode-lhes sair caro.
A Polícia não faz nenhum esforço para esconder de quelado está. Pelo contrário, parece ajudar os arruaceiros. Segundo circula na internet, frelimistas e polícias tentaram impedir a passagem da comitiva de Daviz Simango pela ponte de Xai-Xai. Tentativa de repetir o que os seus camaradas da Zambézia fizeram ao paralisarem um batelão, obrigando o candidato a fazer mais cerca de 200 quilómetros do que o previsto?
O que aconteceu na Macia não está ainda muito claro mas, nas entrelinhas, lê-se que os tais malfeitores tentaram, mais uma vez, impedir a campanha do MDM e este foi obrigado a usar de alguma violência, incluindo tiros para o ar, para acabar com aquilo. A Polícia está a investigar
o caso, segundo um dos seus responsáveis, que salienta a estranheza de os militantes do MDM terem armas consigo. O mesmo responsável policial não mostrou qualquer estranheza pela presença dos militantes do partido Frelimo no local onde o MDM trabalhava.
Tudo isto é sintomático do grande receio de os resultados eleitorais de 15 de Outubro serem retumbantes, sim, mas contra o batuque e a maçaroca. Se formos a avaliar pelas multidões que os três candidatos presidenciais
arrastam, as campanhas parecem estar equilibradas entre eles. E isso significa que é possível, ou mesmo provável, que se tenha que ir a uma segunda volta nas eleições presidenciais. E, nesse caso, não me restam grandes dúvidas que vencerá um candidato da oposição, seja ele Dhlakama ou Simango.
E isso não deve deixar dormir os dirigentes do partido Frelimo. A possibilidade de perderem o poder e as respectivas “marregalias” é um pesadelo terrível para quem sempre pensou que essas coisas eram eternas.
Mas talvez tudo isto ajude os militantes frelimistas a pensarem bem e não voltarem a embarcar em formas de governação como as que nos trouxe o clarividente e visionário actual dirigente. Se assim for todos ficamos a ganhar...

Machado da Graça, Savana, 26-09-2014

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