quinta-feira, julho 30, 2015

Democracia em África: Caso de Angola

Tive inspiração para escrever isto de um link fornecido por Francey Zeúte no grupo Diálogo sobre Moçambique e pelo comentário do mesmo sobre a confiança do voto para tirar os déspotas do poder. Estamos a falar de Angola ou iniciamos de lá. Quanto à definição de déspota deixo para o munna Francisco Gaita.

De facto, o poder do voto é a melhor coisa, senão a coisa óptima. Contudo isso só se o voto de cada um conta. O problema é que na impossibilidade de se trazerem votos pre-assinalados, há um e um simples em diferentes assembleias que manda fumar o voto e escreve no edital 200 lugar de 2, por exemplo. Desta feita, o voto se torna mais fraco ou mesmo pior. Pior se desencoraja os eleitores como tenho ouvido da boca de muitos moçambicanos dizendo: do que vale ficar na bicha horas e horas se o meu voto não conta. Esta percepção é perigosa mesmo para quem pensa estar sucedido porque convida a opção militar.

Mas a ESPERANÇA PELO VOTO é em minha opinião a última que deve morrer. Ora;

3. Solução militar não dá nenhuma esperança garantida ou pelo menos eu não acredito tanto dela. Uma solução militar raramente muda a situação, senão apenas de actores. Namíbia é dos casos raros. Estamos a falar de Angola e outros países (o nosso também) que usaram a guerrilha para se libertar do colonialismo estrangeiro, mas não houve oportunidade para a democracia. Reflectindo: o pior de Angola é de qual guerrilha devia abocanhar tudo. E se optassem por eleições onde o MPLA, UNITA e FNLA participassem, há quando Angola teria sido democratizada e mesmo evitado todas aquelas mortes. Não refiro apenas de ngola.

4. Os erros de Angola são do tempo em que só se podia ser dum lado ou doutro lado, algo que na verdade NUNCA EXISTIU e isso foi o que perigou e ainda periga a nossa África, incluindo Moçambique. O Fim da luta de guerrilha não deu espaço a todos que lutaram contra o colonialismo em Angola. Estou imaginando se todo destino fosse entregue aos angolanos em forma de eleições.

Antes pelo contrário, apareceu a principal causa de divisão e consequentemente da guerra civil em Angola. Todos nós sabemos disso, apesar de ignorarmos por razão da convicção política ou partidária. Os militares de ambas as partes decidiram tudo. Os de um lado se proclamaram donos de Angola Pior é quando é golpe de estado enquanto que do outro lado se aguarda pela opotunidade... É tudo ruim.

Os militares têm o hábito de se julgarem DONOS DAS REVOLUCÕES. Menosprezam totalmente o papel dos sem armas que são os que criam condicões de enfraquecimento da ditadura, desmascarando-a para o mundo inteiro. A título de exemplo, estes manifestantes, aqueles activistas presos, o Rafael Marques e os demais angolanos, os mortos...

Voltando à esperança do voto, ele é possível mas é por um trabalho MUITO ÁRDUO de mobilização dos eleitores para uma participação massiva na altura de votação. É desta forma que tanto o enchimento de urnas como adulteração de editais podem não ser suficientes para matar a ESPERANÇA. Mas tem que haver consciência que a mobilização não é das tarefas mais fáceis porque a ditadura é muitas vezes a mais esperta, mais organizada, mais estruturada e introduz facilmente e de forma súbtil os seus agentes, para perturbar essa mobilização. A ditadura pode ser a primeira a mobilizar e em número superior os seus agitadores na massa popular para dividí-la, ou DESENCORAJAR os eleitores para não irem às urnas.

Muitas vezes, a táctica é desacreditar os que querem mudanças, apelidando-os DE IGUAIS a eles (e eles com vantagem de serem um diabo conhecido ou PIORES. Há que ter em conta que sãos os ZEDUs (José Eduardo dos Santos) que controlam a máquina: polícia, tribunais, a administracão estatal e local, etc. A título de exemplo, eu estranhei muito que antes das últimas eleicões em Angola, havia muita contestacão popular, mas que os resultados tenham sido assustadores para um povo que quer se livrar do déspota chamado José Eduardo dos Santos.

Em verdadeira democracia, o VOTO É MESMO A MELHOR ESPERANÇA PARA MUDANÇA (vejo que estou a defender a tese do meu amigo Francey Zeúte, mas juro que não sei em que ele pensou) e é contra a tese de "diabo conhecido que o desconhecido". Ora, se a votacão ordinária é periódica; se o o novo diabo estiver longe da expectativa, podem-se organizar novas eleicões, antes do fim do mandato ou no fim do mandato. O novo diabo é mandado a ensaiar melhor, chamando-se de volta ao diabo conhecido, mas agora com cartão...


Nota: texto não corrigido.

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