domingo, agosto 23, 2015

– NYUSI CONVIDA DHLAKAMA AO DIÁLOGO

O Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou hoje que vai convidar formalmente, na segunda-feira da semana corrente, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, o maior partido de oposição, para um encontro tendo como principal ponto da agenda a busca de uma paz efectiva no país.

Nyusi fez este anúncio em Maputo, em resposta a um pedido formulado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), durante um culto evangélico que contou com a sua presença.
Foi aqui pedido para dar mais atenção ao dossier da paz. Aceito porque assumi o compromisso. E digo que mesmo amanhã vou fazer formalmente um convite ao líder da Renamo para falarmos, disse Nyusi.

Prosseguindo, disse acreditar que as diferenças, nossas, as ideias estejam abaixo dos interesses do povo. O povo quer paz, quer tranquilidade. Isso farei. O povo não está de um lado. Está de todos os lados. O povo é este. O povo é também aquele que segue ao Presidente da Renamo. E estes dois povos, todos, que se juntam e formam o povo moçambicano querem a paz, querem o crescimento.

Aproveitou a oportunidade para falar um pouco sobre a sua governação, que incide sobre cinco pilares.

Pediu uma maior atenção para as duas primeiras prioridades, mais concretamente a consolidação da unidade nacional, paz e soberania e ao desenvolvimento do capital humano e social.

Em relação à paz, o Presidente da República disse ser uma condição e um meio para a garantia da estabilidade política, social e económica.

Com a paz e em paz, as energias dos povos são encaminhadas para a promoção do desenvolvimento que os conduzirá ao bem-estar espiritual e material
, referiu, para de seguida acrescentar com a paz, cada um dos cidadãos moçambicanos concentrar-se-á na satisfação das suas necessidades (individuais e colectivas), sem receios de qualquer ordem.

Para Nyusi, com a paz todos os moçambicanos estarão preocupados em fazer mais e melhor para o sucesso de Moçambique como nação e o bem-estar do seu povo.
 

Vincou que o bem-estar espiritual deve ser complementado pelo bem-estar material, este último que só se alcança com o trabalho e dedicação.

O Chefe de Estado agradeceu o convite daquela confissão religiosa e encorajou à IURD a seguir em frente com as suas acções de evangelho.


Prossigam com excelente trabalho que vêm realizando e que tem iluminado várias vidas. Continuem a contribuir para a consolidação da paz em Moçambique e em todo o mundo, encorajou ele.


Comentando sobre o culto evangélico, Nyusi disse tratar-se de um momento em que a fé colectiva deve vencer o mal e transformar o ódio e a desconfiança em carinho e confiança mútua. Esta mesma fé que deve continuamente manter os povos unidos.

O Presidente agradeceu ainda o apoio e encorajamento recebido da IURD, durante a campanha eleitoral, que culminou com a sua eleição para o cargo de Chefe de Estado.

O culto evangélico foi antecedido por uma visita ao edifício que alberga a sede da Igreja. No final, o estadista moçambicano afirmou ter ficado bem impressionado com o investimento que a IURD está a realizar no capital humano, através do centro de formação profissional, permitindo que vários cidadãos recebam a formação profissional específica a título gratuito.

É também com pequenas e grandes contribuições como esta que pedra a pedra construímos o nosso Moçambique. Só com uma visão clara, muito labor e tenacidade é possível construir uma história de sucessos. E a Igreja Universal está a construir, enalteceu.

Nyusi disse estar ciente que Moçambique é um Estado laico, cuja filosofia assenta na separação entre o Estado e as confissões religiosas. Não obstante a esta laicidade, existe um relacionamento são e frutuoso entre o Estado e as confissões religiosas, que têm sido um parceiro privilegiado na implementação das políticas públicas, particularmente na área social.

Ciente ainda do papel que estas têm desempenhado, para a promoção de um clima de paz, bem-estar espiritual e material dos cidadãos e desenvolvimento económico e social do país, explicou que foi por isso criado o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, para dedicarem-se, de forma expressa, as confissões religiosas, tendo presente esta separação.


O Presidente Nyusi mostrou-se satisfeito pelo facto de a convivência entre religiões ser um valor que os moçambicanos têm sabido elevar bem alto, com o particular destaque na experiência que os líderes religiosos moçambicanos têm emprestado aos processos de pacificação do país, com resultados bastante positivos.

Por seu turno, o Presidente da IURD, José Guerra, agradeceu a resposta positiva do Presidente da República ao seu convite de participar do culto evangélico. 

Na ocasião, Guerra fez um breve o historial da IURD em Moçambique, cujo percurso, em Moçambique, iniciou em 1992.


Disse ainda que a IURD tem como uma das plataformas de actuação a realização de obras sociais, tais como assistência às famílias necessitadas, crianças abandonadas ou órfãs, presos e toxicodependentes, desenvolvendo actividades que compreendem a organização e manutenção de programa de protecção às famílias.



Ainda no âmbito social, a IURD está a desenvolver um programa denominado Dose Mais Forte, destinado ao combate do uso de estupefacientes, com acompanhamento e recuperação de viciados.

Além deste trabalho, através do seu braço humanitário, a Associação Beneficente Cristã, uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, actuando desde 1993, a IURD tem desenvolvido um conjunto de actividades, onde destaca-se o apoio dado às vítimas das calamidades naturais, à organização da campanha de doação de sangue, assistência aos orfanatos e oferta de produtos de higiene pessoal nas cadeias, acrescentou Guerra.


(AIM)
Anacleto Mercedes (ALM)/sg

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